terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O caso de Ramón Sampedro

Ramón Sampedro ficou tetraplégico aos 26 anos, e assim permaneceu durante 29 anos.
Tinha a assistência diária dos seus amigos, pois não era capaz de realizar qualquer actividade autonomamente.
A sua luta judicial demorou cinco anos. Em 1993, solicitou a autorização para morrer, mas os juízes espanhóis não permitiram.
É então que planeia, com o auxílio dos amigos, a sua morte. Em 1997, muda-se para uma pequena aldeia na Galiza (Porto do Son), onde é depois encontrado morto, a 15 de Janeiro de 1998.
Os seus últimos momentos da sua vida estão gravados num vídeo, onde se regista uma acção consciente de morte. Embora seja evidente que os amigos colaboraram colocando o copo com um canudo ao alcance da sua boca, fica igualmente documentado que foi ele quem fez a acção de colocar o canudo na boca e sugar o conteúdo do copo. A sua amiga foi incriminada pela polícia pelo homicídio, mas acabou depois por ser ilibada.
Em 2003, Alejandro Amenábar realizou um filme inspirado em Ramón com o título Mar Adentro.

O caso de Terri Schiavo

Terri Schiavo (3/12/1963-31/3/2005) era uma adolescente gorda, com mais de 90 quilos. No Liceu começou uma rigorosa dieta, que se prolongou após o casamento (em 1984).
Terri emagreceu de tal forma que no dia 25 de Fevereiro de 1990 acabou por desfalecer na sua casa. O distúrbio alimentar era de tal ordem que havia provocado uma desregulação dos níveis de potássio no organismo, fazendo com que ela entrasse num estado vegetativo permanente, tendo que ser alimentada através de um tubo.
Durante 15 anos, o seu marido lutou contra os seus pais nos tribunais norte-americanos, para que lhe fosse retirado o tubo de alimentação, pondo fim à sua vida vegetativa, o que veio a ser autorizado.

O caso de Nancy Cruzan

Nancy Cruzan (20/7/1957- 26/12/1990) teve um acidente de automóvel no dia 11 de Janeiro de 1983, ficando pouco depois em coma vegetativo permamente.
Em Outubro de 1983, ou seja, dez meses após o acidente, ela foi internada num hospital público. Todas as tentativas de reabilitação foram mal sucedidas, demonstrando que ela não teria possibilidade de recuperar .
Os seus pais, que também eram considerados como seus representantes legais, em conjunto com o marido, solicitaram ao hospital que retirasse os procedimentos de nutrição e hidratação assistida, ou seja a sonda que havia sido colocada. Os pais recorreram à justiça do estado do Missouri solicitando esta autorização em junho de 1989.
Durante 8 anos, o seu caso passou pelos tribunais norte-americanos, onde se tentou averiguar sobre as suas eventuais convicções sobre a eutanásia, acabando os juízes por decidir pela sua morte (as máquinas que a mantinham viva foram desligadas).
Esta decisão baseou-se em três argumentos básicos:
  • no diagnóstico de dano cerebral permanente e irreversível, devido à anóxia.
  • a lei do estado do Missouri permite que uma pessoa em coma possa recusar ou solicitar a retirada de "procedimentos que prolonguem a vida desnecessariamente".
  • Nancy já havia manifestado o desejo, que caso estivesse seriamente incapacitada, não queria a mantivessem viva artificialmente, posição que se aplicava a este caso.

No túmulo de Nancy Cruzan consta a seguinte indicação:

Nascida em 20 de Julho de 1957

Partiu em 11 de Janeiro de 1983

Em paz em 26 de Dezembro de 1990

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O Luxemburgo também já legalizou a Eutanásia...

Quando não há solução... (Parte II)

Bebé vai ser desligado das máquinas que o mantêm vivo
Um bebé gravemente doente, cujos pais tinham posições contrárias perante a justiça britânica sobre se deviam deixá-lo morrer, vai ser desligado do ventilador, depois de o pai ter mudado a sua posição.
A mãe da criança, com um ano, queria acabar com o sofrimento do filho, desligando o ventilador que o mantém artificialmente com vida, enquanto o pai se batia contra esta opção, argumentando que o bebé era capaz de ver, de ouvir, de sentir e de reconhecer os pais.A criança sofre de uma doença congénita irreversível mas está perfeitamente lúcida.

Fonte: Lusa

10 de Novembro de 2009

Quando não há solução... (Parte I)

Pais disputam nos tribunais a continuação da vida do filho
Um bebé, com um ano e sérios problemas congénitos, está no centro de uma batalha judicial que opõe os progenitores. A mãe e os médicos querem desligar o ventilador que lhe permite respirar; o pai levou o caso a tribunal.
O caso está a provocar um aceso debate no Reino Unido e nem os pais da criança se entendem quanto ao que fazer.
Os médicos do hospital onde o bebé de ano se encontra internado alegam que a sua vida é "miserável, triste e penosa". Os pulmões da criança enchem-se de líquido, provocando uma sensação de asfixia, só aliviada pela intervenção dos médicos, que usam um aparelho de sucção para remover os fluídos, operação também dolorosa.
Segundo a imprensa britânica, o argumento convenceu a mãe da necessidade de desligar os aparelhos que sustentam a vida do bebé, mas não o pai, que alega que este brinca e reconhece a família e o mundo à sua volta. O bebé, identificado apenas como RB, sofre de um problema congético raro que o impede de respirar por si. Em comunicado, o hospital explica que a doença genética é progressiva e provoca enfraquecimento muscular e problemas respiratórios e de alimentação. RB já foi desligado do ventilador por três vezes. Na primeira, conseguiu respirar sozinho durante 40 minutos. Na segunda, durante 30 e na última apenas cinco.Um novo médico será agora chamado a avaliar o caso, ponderando a hipótese de submeter o pequeno paciente a uma traqueotomia, ou seja, abrir um buraco na traqueia do bebé para o ajudar a respirar.
Fonte: Revista "Visão"
3 de Novembro de 2009

"Million Dollar Baby"

O filme retrata a luta de Maggie Fitzgerald para conseguir alcançar o seu sonho, tornar-se numa lutadora de boxe reconhecida. Ao longo do filme assistimos à sua evolução fantástica como lutadora, mas mais importante testemunhamos a criação de profundos laços de afecto entre ela e o seu treinador Frankie (que inicialmente nem sequer aceitava treiná-la), tão profundos que quase parecia tratar-se de uma relação entre pai e filha.
Mas é a parte final deste filme que é mais relevante para o nosso projecto, pois no combate decisivo pelo Título Mundial, Maggie é vítima de uma manobra suja, por parte da campeã, e acaba por ficar paralisada do pescoço para baixo. Este golpe do destino faz com que Maggie tenha de ficar para sempre acamada e a respirar com ajuda de um ventilador, ainda que consciente da sua situação. A situação de Maggie deixa Frankie arrasado e inconformado, e ele faz de tudo para que ela melhore, mas todos os médicos lhe dão a mesma resposta: não é possível curá-la.
O estado de Maggie agrava-se quando devido a uma escara, uma das suas pernas tem de ser amputada. É neste momento que Maggie pede a Frankie que a ajude a morrer, pois já lutou pelo seu sonho e sabe que não há nenhuma solução para a sua situação, esta apenas se pode agravar. Frankie diz que não pode fazer isso, e nessa mesma noite, Maggie tenta suicidar-se, mordendo a língua.
A tentativa de suicídio de Maggie leva Frankie a deparar-se com um dilema, ele não quer perder Maggie, mas por outro lado, ao mantê-la viva está a “matá-la”, pois ela não quer continuar a viver naquela situação. Frankie acaba por decidir acabar com o sofrimento de Maggie, desligando-lhe o ventilador e injectando-lhe uma forte dose de adrenalina. Este filme leva-nos a reflectir acerca da posição das pessoas que estão em sofrimento, mas sobretudo mostra-nos e deixa-nos a pensar sobre a posição das pessoas a quem estes doentes pedem ajuda, pois é de facto uma posição difícil, em que temos de escolher: ou mantemos viva e perto de nós uma pessoa de quem gostamos ou cumprimos a sua vontade e acabamos com o seu sofrimento.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Eutanásia Activa vs Eutanásia Passiva

Há duas formas diferentes de A provocar a morte de B:
  • A pode matar B, digamos, administrando-lhe uma injecção letal, estes casos são vulgarmente referidos como eutanásia "activa" ou "positiva".
  • A pode permitir que B morra negando-lhe ou retirando-lhe o tratamento de suporte à vida, casos que são frequentemente referidos como eutanásia "passiva" ou "negativa".

Quaisquer dos três géneros de eutanásia indicados anteriormente ― eutanásia voluntária, não-voluntária e involuntária ― podem ser quer passivos quer activos. Ou seja, a classificação em activos e passivos é independente da classificação em voluntários, não-voluntários e involuntários.

Eutanásia Involuntária

A eutanásia é involuntária quando é realizada numa pessoa que poderia ter consentido ou recusado a sua própria morte, mas não o fez ― seja porque não lhe perguntaram, seja porque lhe perguntaram, mas não deu consentimento, querendo continuar a viver.
Algumas práticas médicas largamente aceites (como as de administrar doses cada vez maiores de medicamentos contra a dor que eventualmente causarão a morte do doente, ou a suspensão não consentida ― para retirar a vida ― do tratamento) equivalem a eutanásia involuntária.

Eutanásia Não-Voluntária

A eutanásia é não-voluntária quando a pessoa a quem se retira a vida não pode escolher entre a vida e a morte para si, porque, por exemplo, a doença ou um acidente tornaram incapaz uma pessoa anteriormente capaz, sem que essa pessoa tenha previamente indicado se sob certas circunstâncias quereria ou não praticar a eutanásia.

Eutanásia Voluntária

Se o doente, enquanto ainda capaz, tiver expresso o desejo reflectido de morrer quando numa situação de doença incurável, então a pessoa que, nas circunstâncias apropriadas, tira a vida de outra actua com base no seu pedido e realiza um acto de eutanásia voluntária.